Tebet e Tasso Jereissati, tucano cotado para ser vice na chapa
Às vésperas da convenção conjunta com o Cidadania, marcada para amanhã, o PSDB ainda não definiu se o senador Tasso Jereissati (CE) será vice na chapa de Simone Tebet, pré-candidata à Presidência pelo MDB. Nas últimas semanas, Tasso se distanciou da campanha de Tebet e disse a pessoas próximas estar reticente sobre integrar a composição.
Aliados afirmam que numa reunião virtual no último domingo foi citada até a possibilidade de a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) fazer uma dobradinha feminina com Tebet. Entusiastas da participação da senadora do Maranhão dizem que por ser nordestina e evangélica, ela tem atributos que se somam ao perfil de Tebet, que é do Mato Grosso do Sul.
A preferência de Tebet, no entanto, ainda é por Tasso, a quem costuma se referir como uma de suas inspirações na política. Em sabatina na GloboNews, ontem, a senadora disse que Tasso estará em seu palanque “como vice, como apoiador ou como coordenador de campanha”.
Tucanos experientes demonstram desânimo com a candidatura de Tebet e com seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto. No último levantamento do instituto Datafolha, Tebet aparece com 1%. Não faltam discordâncias também no entorno de Tasso quanto à estratégia de campanha e reclamações sobre a forma como a senadora tem sido apresentada nas propagandas de rádio e TV pelo marqueteiro Felipe Soutello, que tem no currículo campanhas vitoriosas como a de Bruno Covas à prefeitura de São Paulo, em 2020. Para aliados do parlamentar, as peças reforçam o lado afetivo da senadora ligado à família, enquanto seus atributos mais fortes não aparecem — Tebet se destacou na CPI ao enfrentar o bolsonarismo e defender a ciência. Tasso é próximo do publicitário Nizan Guanaes.
Não por acaso, surgiram dissidências internas no PSDB nos últimos dias. Em Minas Gerais, o pré-candidato a governador Marcus Pestana, um dos quadros históricos do partido, decidiu declarar apoio a presidenciável Ciro Gomes (PDT). O apoio dos mineiros ao pedetista contraria a aliança nacional com o MDB.
Além disso, a aliança com Tebet estava condicionada ao apoio do MDB ao ex-governador Eduardo Leite no Rio Grande do Sul, o que ainda não ocorreu.
A candidatura de Tebet também enfrenta resistência em seu próprio partido, o MDB. Apesar de ter apoio da maioria dos diretórios nos estados, as principais lideranças da sigla estão inclinadas entre apoiar o presidente Jair Bolsonaro ou o ex-presidente Lula. Ainda assim, a tendência é que o nome dela seja homologado na convenção de amanhã.
Hoje, uma reunião da executiva nacional do PSDB deve tratar das alianças nos estados. No Rio, a cúpula tucana deve aprovar a indicação do ex-prefeito Cesar Maia para ser vice na chapa do deputado Marcelo Freixo (PSB) ao governo.
A executiva ainda vai se debruçar sobre a situação do Distrito Federal, onde há uma disputa entre candidatos da federação (Cidadania e PSDB). Os tucanos querem a candidatura do senador Izalci Lucas, enquanto o Cidadania tenta emplacar a deputada Paula Belmonte como vice do candidato a governador Reguffe, do União Brasil.
Em entrevista ao podcast “Flow”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “o Brasil é o país com menos sofreu com a Covid-19” logo no início da conversa. Hoje, o país ultrapassa o número de 680 mil mortes por conta do coronavírus. O candidato à Presidência também questionou a imunização contra a doença e voltou a defender os medicamentos ineficazes.
O mandatário ainda admitiu ter recebido orientações para evitar o assunto para perder eleitores, mas disse não se importar e que prefere dizer “a verdade”, segundo ele.
Apesar da fala de Bolsonaro, pesquisas mostram a queda no número de mortes acompanham o avanço da vacinação. Ele ainda disse que preferiu não se vacinar contra a Covid-19, embora tenha imposto sigilo de cem anos em sua carteira de vacinação.
“O pessoal me recomenda: ‘não toque nesse assunto’. Poxa, eu tenho que valar a verdade para o pessoal. Não quer votar mais em mim, lamento, né, posso fazer o quê? Eu tenho que falar a verdade”, disse o presidente.
Enquanto Bolsonaro falava sobre a questão da pandemia durante a entrevista, o programa exibido pela plataforma Youtube, destacava na legenda: “Lembre-se de pesquisar tudo o que foi dito neste programa”.
“Eu não tomei vacina. Me recomendaram até a tomar uma água destilada. Eu não vou. Posso enganar a você, mas não vou enganar a mim. Influencia alguns (a não tomar a vacina). Não é que a minha palavra tá valendo, eles foram ler a bula”, disse.
Bolsonaro citou estudos de Israel que apontam a perda de eficácia da vacina da Pfizer. Entretanto, a aplicação da quarta dose para adultos acima de 40 anos, imunossuprimidos e profissionais de saúde quatro meses após a terceira dose, é recomendada pelo Ministério da Saúde.
Apesar das críticas, Bolsonaro disse que as doses de vacina contra o coronavírus seguirão sendo disponibilizadas:
“Tem gente que quer tomar a terceira, quarta dose. Sem problema nenhum, enquanto quiser tomar, vamos dar a vacina. Agora, respeite quem não quer tomar a vacina”, disse.
Ademais, o presidente voltou a defender medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19, como a hidroxicloroquina.
“Eu acho que deviam tomar. Eu tomei e fiquei bem, 90% tomaram e tão bem”.
Bolsonaro ainda diz que a “liberdade médica” foi cassada durante a pandemia.
“O meu ministro da saúde, o tal do Mandetta, ele fez um protocolo e quem tava com Covid ia pra casa e quando sentia falta de ar, ia para o hospital. Aí eu falei ‘ vai pro hospital fazer o que? Ser intubado?’. Por que você não garante a liberdade do médico de clinicar seu paciente? Porque o médico sabe disso. Se chega alguém que tá passando mal que pode morrer, ele pode receitar alguma coisa em comum acordo com o paciente ou com a família”.
O Chefe do Estado também comentou sobre a questão do contrato da Pfizer ter chegado no Brasil e ele não ter aceitado prontamente, questão tratada durante a CPI da Covid, onde foi divulgado que 101 e-mails com ofertas de venda e reforço da disponibilidade das doses foram ignorados pelo governo brasileiro, o que poderia ter adiantado o início da vacinação no Brasil.
Bolsonaro justificou que a oferta chegou em maio de 2020 e não aceitou, pois, segundo ele, a farmacêutica não se responsabilizava pelos efeitos colaterais.
“Me acusam de não ter comprado vacina. Li o contrato da Pfizer e tava escrito: “Não nos responsabilizamos pelos efeitos colaterais”. Falei não, pô”.
Antes de estar disponível para o cidadão, qualquer vacina ou medicamento passa primeiramente pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A agência avalia os estudos de eficácia da vacina, ou seja, quanto que ela funciona, e os estudos de segurança, isto é, as reações adversas, efeitos colaterais e problemas observados nas pessoas que se vacinaram. Ou seja, é verdade que as empresas não se responsabilizam pelos possíveis efeitos colaterais, mas ela dispõe de dados, resultados e acompanhamentos para que uma agência de saúde possa aprovar ou não um imunizante com segurança. Se aprovado, é porque a vacina tem sua segurança cientificamente comprovada.