Lula discursa no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC após ter condenações anuladas
Mesmo sem exercer qualquer cargo público, o ex-presidente Lula (PT) age nos bastidores para viabilizar chegadas de novas vacinas no país para auxiliar no combate a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) e antagonizar com Bolsonaro, potencial adversário nas próximas eleições de 2022.
Segundo informações da colunista Bela Megale, há cerca de três meses, o petista se encontrou com o diretor do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), Kirill Dmitriev, que financiou as pesquisas de desenvolvimento da Sputnik V , imunizante ruso contra a Covid-19, que tem 91,6% de eficácia.
O convite partiu do diretor do fundo, após ver que Lula integrava um abaixo-assinado que defende que a vacina deve ser distribuída de forma gratuita ao redor do mundo. Chamados pelo ex-presidente, os ex-ministros da saúde José Gomes Temporão, Alexandre Padilha e Arthur Chioro também participaram do encontro virtual.
Padilha, ministro na pasta durante o 1º mandato de Dilma Rousseff , disse que foi Vladimir Putin, mandatário russo quem orientou que Lula fosse chamado para a reunião:
“Dmitriev disse que o presidente Vladmir Putin havia incentivado a reunião com Lula. Foi uma conversa importante, porque abriu a relação do fundo russo com o Consórcio do Nordeste. Deixamos claro que, além do Paraná, com quem eles tiveram as primeiras tratativas, tinham muitas frentes no Brasil a serem abertas. Destacamos que o interesse pelo volume de vacinas era maior e envolvia vários estados brasileiros. Isso fortaleceu o acordo de milhões de vacinas firmado com os estados do nordeste”, diz em entrevista ao Globo.
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Na última quinta-feira (11), o Ministério da Saúde acertou a compra de 39 milhões de doses da Sputnik, que deverão ser entregues ao Brasil entre março e julho.
China
No início do ano, em janeiro, quando a China atrasou o envio de IFA (insumos) para a produção da CoronaVac , vacina feita em parceria pelo laboratório chines Sinovac e o instituto Butantan, Lula também agiu nos bastidores para viabilizar a chegada da matéria-prima.
O ex-presidente, juntamente com Dilma Rousseff, enviou uma carta ao líder chines, Xi Jinping o elogiando pela condução frente à pandemia e criticou o presidente Jair Bolsonaro por seu “negacionismo e incivilidade”.
“Consideramos oportuna essa mensagem, como forma de manifestar a nossa certeza de que a antiga e sólida amizade entre os nossos povos não será abalada pelo negacionismo, pela incivilidade e pelas grosserias proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e seu governo. A amizade e a parceria entre a China e o Brasil são inabaláveis, porque os governos passam, mas os laços que unem os povos são permanentes”, escrevem os petistas na carta endereçada a Jinping.
Na sexta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que não pretende tomar a vacina da Covid-19 agora. Em conversa com apoiadores que o esperavam em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente justificou que a decisão é pelo fato de ter “muita gente apavorada” esperando pela vacina.
“O que acontece, tem muita gente apavorada aí aguardando a vacina, então deixa as pessoas tomarem na minha frente. Vou tomar por último. Eu acho que essa é uma atitude louvável. Porque tem gente que não sai de casa, está apavorado dentro de casa”, disse Bolsonaro. O presidente chegou a se queixar que a imprensa teria criticado a sua decisão de se vacinar por último. “Em vez da imprensa me elogiar, me critica”, afirmou.
Bolsonaro está apto a receber a vacina no Distrito Federal desde o dia 3 de abril. Antes, ele explicava que não ia se vacinar porque já teria contraído o vírus em julho do ano passado.
De acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa da quinta-feira (15), 25.460.098 pessoas já receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19. O número representa 12,02% da população brasileira. A segunda dose já foi aplicada em 8.558.567 pessoas (4,04% da população do país) em todos os estados e no Distrito Federal.