O ex-aluno do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Felipe Andrade, foi o responsável pela descoberta de uma nova espécie de rã, encontrada em um milharal na cidade de Palmeira de Goiás (GO). O estudo sobre a descoberta do animal foi publicado no dia 3 julho, na revista científica European Journal of Taxonomy.
A nova espécie foi batizada de Pseudopaludicola coracoralinae em homenagem à poetisa Cora Coralina. Para identificar o bicho, o pesquisador utilizou o acervo do Museu da Biodiversidade do Cerrado da UFU.
Atualmente, pesquisador na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Felipe Andrade esclareceu ao G1, os processos da pesquisa realizada em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Rio Claro (SP) e a UFU. Ele também explicou a ligação com a universidade e o motivo da homenagem à poetisa brasileira.
De acordo com o Andrade, a observação de espécies de rãs começou em 2013, quando ainda estava no curso de graduação em Ciências Biológicas da UFU, no campus Pontal, em Ituiutaba. À época, o pesquisador identificou outra espécie de rã encontrada em Uberlândia, batizada de Pseudopaludicola facureae.
“Ainda na graduação, eu descrevi essa outra espécie que ocorre em Uberlândia. Ela é muito parecida morfologicamente e acusticamente com a que descobri em Goiás”, explicou Andrade.
Segundo ele, até a nova descoberta, os pesquisadores acreditavam que a rã encontrada na cidade do Triângulo Mineiro também existia no interior de Goiás. No entanto, as análises apontaram que a rã, de 1,5 cm encontrada em um milharal em Palmeira de Goiás, se tratava de nova espécie.
“As duas espécies são parecidas tanto morfologicamente, quanto acusticamente, mas percebemos, a partir do estudo do material genético das populações goianas, que se tratava, na verdade, de uma espécie nova”, pontuou.
Além de ter cursado Ciências Biológicas na Universidade Federal de Uberlândia, Felipe Andrade, durante o mestrado, o pesquisador foi orientado pelo professor da UFU, Ariovaldo Giaretta, que depois co-orientou o trabalho de doutorado do ex-aluno.
Ainda conforme Andrade, a universidade com sede em Uberlândia também foi importante para a pesquisa. O acervo do Museu da Biodiversidade do Cerrado contribuiu para diferenciação entre a pseudopaludicola facureae e a coracoralinae.
“É uma coleção muito importante de anfíbios e tem também uma coleção muito importante de arquivos sonoros do professor Ariovaldo Giaretta, que foi essencial para base de dados dessa pesquisa”, acrescentou.
Segundo o biólogo, desde o início da pesquisa ele queria homenagear uma mulher, e nome de Cora Coralina surgiu devido a sua origem. O “Poema do Milho” escrito pela poetisa também influenciou na escolha.
“A ideia do nome surgiu do local onde o animal foi descoberto, Palmeira de Goiás. Eu queria homenagear uma mulher e cheguei ao nome da Cora Coralina, que nasceu e viveu no estado. Como a rã foi encontrada em um milharal recém plantado, e a Cora escreveu um poema cujo o título é ‘Poema do Milho’ a homenagem era perfeita. Sugeri o nome aos coautores e a ideia foi aceita imediatamente”, concluiu Andrade.