Eleição: PT quer ampliar apoios para Lula no Centro-Oeste
A nove dias do prazo final para a definição de candidaturas, a direção do PT ainda tenta construir palanques fora do campo da esquerda para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos estados do Centro-Oeste, região onde o partido enfrenta rejeição e o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem seus melhores índices de intenção de voto. A posição contraria os planos traçados pelos comandos estaduais. O movimento também faz parte de uma estratégia para atrair apoios de lideranças de centro a Lula.
Em Goiás, há esperança de uma aliança em torno do candidato do PSDB, Marconi Perillo. O entorno do deputado federal Rubens Otoni (PT), que é influente no diretório estadual, tem reafirmado, porém, a candidatura própria de professor Wolmir Amado.
No Mato Grosso do Sul, o objetivo é fechar uma aliança com o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD). Por enquanto, ainda está sendo mantida a pré-candidatura da petista Gisele Marques.
Já em Mato Grosso os petistas conseguiram fechar um acordo com o PP, partido da base de apoio de Bolsonaro. O candidato ao Senado será o deputado federal Neri Geller (PP), da bancada ruralista. Para o governador, uma das opções é o senador Carlos Fávaro (PSD), também ligado ao agronegócio. Ele, porém, resiste a concorrer. A direção petista local tem defendido a candidatura de Maria Lúcia (PCdoB).
Pesquisa Datafolha de junho mostra Bolsonaro com 40% das intenções de votos no Centro-Oeste, contra 28% da média nacional. A situação dos três estados deve ser discutida hoje em reunião da executiva nacional do PT. Os partidos têm até o dia 5 de agosto para realizar convenções para homologar suas candidaturas.
Na reunião de hoje, o PT também deve aumentar a pressão para que o PSB retire a candidatura do deputado Alessandro Molon(PSB) ao Senado no Rio e apoie o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT),em contrapartida pela aliança em torno de Marcelo Freixo (PSB), que concorrerá a governador.
“Eu defendo que a executiva nacional peça a reconsideração do PSB, retire a candidatura deles ao Senado e mantenha o acordo com apoio ao André Ceciliano. E se isso, não acontecer que o PT reconsidere o apoio ao Freixo ao governo do Rio”, afirma o secretário de comunicação, Jilmar Tatto.
Caso o PSB mantenha Molon, uma opção discutida é fazer uma aliança com Rodrigo Neves (PDT) para que Ceciliano seja o candidato ao Senado na chapa do ex-prefeito de Niterói. Este cenário esbarra, porém, nas reiteradas garantias dadas por Lula de que o partido estará com Freixo.
A direção do PT deve dar ainda o sinal verde para a candidatura de Edegar Pretto ao governo do Rio Grande do Sul. Ainda há uma esperança de contar com o apoio do PSB no estado. A aposta é que o candidato do PSB, Beto Albuquerque, desistirá.
Além da construção de palanques, a campanha de Lula também definiu que o ato de abertura oficial da campanha será um comício em Belo Horizonte, no dia 18.
Em entrevista ao podcast “Flow”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “o Brasil é o país com menos sofreu com a Covid-19” logo no início da conversa. Hoje, o país ultrapassa o número de 680 mil mortes por conta do coronavírus. O candidato à Presidência também questionou a imunização contra a doença e voltou a defender os medicamentos ineficazes.
O mandatário ainda admitiu ter recebido orientações para evitar o assunto para perder eleitores, mas disse não se importar e que prefere dizer “a verdade”, segundo ele.
Apesar da fala de Bolsonaro, pesquisas mostram a queda no número de mortes acompanham o avanço da vacinação. Ele ainda disse que preferiu não se vacinar contra a Covid-19, embora tenha imposto sigilo de cem anos em sua carteira de vacinação.
“O pessoal me recomenda: ‘não toque nesse assunto’. Poxa, eu tenho que valar a verdade para o pessoal. Não quer votar mais em mim, lamento, né, posso fazer o quê? Eu tenho que falar a verdade”, disse o presidente.
Enquanto Bolsonaro falava sobre a questão da pandemia durante a entrevista, o programa exibido pela plataforma Youtube, destacava na legenda: “Lembre-se de pesquisar tudo o que foi dito neste programa”.
“Eu não tomei vacina. Me recomendaram até a tomar uma água destilada. Eu não vou. Posso enganar a você, mas não vou enganar a mim. Influencia alguns (a não tomar a vacina). Não é que a minha palavra tá valendo, eles foram ler a bula”, disse.
Bolsonaro citou estudos de Israel que apontam a perda de eficácia da vacina da Pfizer. Entretanto, a aplicação da quarta dose para adultos acima de 40 anos, imunossuprimidos e profissionais de saúde quatro meses após a terceira dose, é recomendada pelo Ministério da Saúde.
Apesar das críticas, Bolsonaro disse que as doses de vacina contra o coronavírus seguirão sendo disponibilizadas:
“Tem gente que quer tomar a terceira, quarta dose. Sem problema nenhum, enquanto quiser tomar, vamos dar a vacina. Agora, respeite quem não quer tomar a vacina”, disse.
Ademais, o presidente voltou a defender medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19, como a hidroxicloroquina.
“Eu acho que deviam tomar. Eu tomei e fiquei bem, 90% tomaram e tão bem”.
Bolsonaro ainda diz que a “liberdade médica” foi cassada durante a pandemia.
“O meu ministro da saúde, o tal do Mandetta, ele fez um protocolo e quem tava com Covid ia pra casa e quando sentia falta de ar, ia para o hospital. Aí eu falei ‘ vai pro hospital fazer o que? Ser intubado?’. Por que você não garante a liberdade do médico de clinicar seu paciente? Porque o médico sabe disso. Se chega alguém que tá passando mal que pode morrer, ele pode receitar alguma coisa em comum acordo com o paciente ou com a família”.
O Chefe do Estado também comentou sobre a questão do contrato da Pfizer ter chegado no Brasil e ele não ter aceitado prontamente, questão tratada durante a CPI da Covid, onde foi divulgado que 101 e-mails com ofertas de venda e reforço da disponibilidade das doses foram ignorados pelo governo brasileiro, o que poderia ter adiantado o início da vacinação no Brasil.
Bolsonaro justificou que a oferta chegou em maio de 2020 e não aceitou, pois, segundo ele, a farmacêutica não se responsabilizava pelos efeitos colaterais.
“Me acusam de não ter comprado vacina. Li o contrato da Pfizer e tava escrito: “Não nos responsabilizamos pelos efeitos colaterais”. Falei não, pô”.
Antes de estar disponível para o cidadão, qualquer vacina ou medicamento passa primeiramente pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A agência avalia os estudos de eficácia da vacina, ou seja, quanto que ela funciona, e os estudos de segurança, isto é, as reações adversas, efeitos colaterais e problemas observados nas pessoas que se vacinaram. Ou seja, é verdade que as empresas não se responsabilizam pelos possíveis efeitos colaterais, mas ela dispõe de dados, resultados e acompanhamentos para que uma agência de saúde possa aprovar ou não um imunizante com segurança. Se aprovado, é porque a vacina tem sua segurança cientificamente comprovada.