O futebol, assim como todos os outros setores da sociedade, passa por um processo de adaptação em meio à pandemia do novo coronavírus. Os protocolos de segurança para a volta dos jogos começaram a ser colocados em prática em Minas no fim de semana, com a realização da 10ª rodada do Mineiro. Mas, por ser tudo uma novidade, ainda restam dúvidas sobre alguns aspectos. Em entrevista ao ge, Leonardo Barbosa, diretor de competições da FMF, explicou detalhes do documento.
O protocolo orienta, por exemplo, que a concentração das delegações que irão aos estádios ocorra com pelo menos 48 horas de antecedência à partida. É uma medida para evitar que haja contaminação após realização obrigatória dos testes que detectam a presença do vírus. Na rodada do fim de semana, no entanto, América-MG e Atlético-MG, por exemplo, liberaram seus jogadores após o treinamento de sábado, e eles se reapresentaram no domingo, dia do clássico.
Diante dessa situação, Leonardo Barbosa ressalta que o departamento médico de cada clube é o principal responsável pela condução dos protocolos e que, por não se tratar de um aspecto técnico, a responsabilidade é exatamente das agremiações. A única exigência da FMF é que os exames sejam feitos antes das partidas, e que as pessoas com resultados positivos ou inconclusivos não façam parte das delegações.
– A gente fez contato com os clubes, mas eles estão muito seguros, dizendo o seguinte: “Olha, nós estamos seguindo os protocolos há mais de 50 dias, o nosso protocolo está indo bem”. Então, os clubes têm departamento médico, têm um médico responsável que está assumindo a condução do protocolo. E é quem está direcionando as recomendações. Não é uma questão técnica, que a Federação possa dizer de alguma forma que está certo ou errado. É uma questão médica e sanitária. Se o médico do clube está dizendo assim: “Eu determinei, eu estou atestando que dá certo, estamos fazendo assim e está funcionando”, por parte da Federação está ok.
“Qual a minha garantia enquanto Federação? Vai ter um teste, o exame tem que sair, e sem o resultado negativo essa pessoa não pode ir para o estádio. Essa é a nossa exigência, e aí que eu consigo tomar providências”
Viagens com antecedência
Justamente em função dessa concentração, surgiu uma dúvida sobre o que diz respeito às viagens. A Federação recomendou que os clubes visitantes chegassem aos locais dos jogos com dois dias de antecedência. O que não ocorrerá, por exemplo, com América e Cruzeiro no meio desta semana. Ambos jogam na quarta e só sairão de BH nesta terça.
Boa Esporte chegou a Patrocínio com antecedência para o jogo do fim último fim de semana — Foto: Reprodução/Boa Esporte
À reportagem, Leonardo explicou que o pedido para chegada com dois dias de antecedência ocorreu para que a FMF garantisse os resultados de exames da Covid até o início das partidas. As delegações de América e Cruzeiro passaram pelos testes nesta segunda, em Belo Horizonte, o que torna viável a viagem nesta terça. Possivelmente, ambos receberão os resultados das testagens antes do embarque.
– Nessas duas últimas rodadas da fase de classificação, a Federação está arcando com todos os testes de todas as equipes. (…) Aí, para a gente poder garantir a logística de entrega dos resultados antes das partidas, a gente pediu a questão das 48 horas antes. Então, é muito mais pela questão da logística de conseguir garantir que os clubes fossem testados e que os resultados saíssem antes das partidas. A última coisa que a gente poderia permitir era: “Olha, a partida não pode começar, porque os testes não ficaram prontos”.
É permitido que o visitante treine na cidade do jogo?
No caso de os clubes chegarem à cidade dos jogos com 48 horas de antecedência, naturalmente treinariam no dia seguinte. Com a realização de exames, o protocolo permitiria tal fato? Segundo Leonardo Barbosa, sim, mas com a orientação para evitar trabalhos de contato.
– Ah, eu vou chegar na cidade com 48 horas de antecedência e vou ser testado. Eu posso treinar? Posso treinar de máscara e mantendo o isolamento, para não correr o risco de ter um atleta que o exame vai ter dado positivo e ele vai ter infectado os demais. E quem saiu prejudicado? O clube. Isso foi muito conversado com os clubes, eles estão preocupados com isso, os próprios departamentos médicos também.
“Ele pode treinar nesse intervalo? Pode, desde que mantenha o isolamento. Ele não vai fazer um coletivo ou uma atividade de um abraçar o outro. Aquela foto do final com o time vencedor (num rachão)… esse tipo de coisa, orientamos que não seja feito”
Delegação do Boa passou por testes já em Patrocínio — Foto: Divulgação/Boa Esporte
E quem não cumpre os protocolos, o que acontece? Segundo Leonardo Barbosa, nada pode ser feito, até mesmo pela impossibilidade de fiscalizar os clubes 24 horas por dia, dentro dos centros de treinamentos e dos hotéis.
– Uma coisa importante de explicar é que os protocolos são orientações, guias, porque estamos vivendo uma situação muito nova e extraordinária. Não existe nenhuma lei e nenhuma norma que traga algum tipo de punição. “Ah, o que acontece se o clube descumprir?” Não tem como fiscalizar, porque eu não vou ter uma câmera 24 horas por dia em cada clube, para saber se dentro do hotel os atletas estão ou não estão desse jeito (cumprindo os protocolos). Então, os protocolos são guias, são orientações.
Leonardo diz que a única forma de fiscalização que a FMF tem é com a realização de exames antes de cada rodada. O dirigente alerta que a responsabilidade para o cumprimento dos protocolos é dos clubes, até porque seriam os mais prejudicados com a contaminação de vários atletas. De acordo com Barbosa, a chance de infecção com os protocolos sendo seguidos é mínima.
– O que a Federação tem como fazer para poder barrar ou para poder garantir o cumprimento do protocolo? Exigir testes antes das partidas e fazer com que as pessoas que tenham testado positivo ou inconclusivo, não tenham condição de participar da partida. Ou seja, a responsabilidade de cumprimento do protocolo é do clube. O clube tem que cumprir o protocolo. Cumprindo o protocolo, a chance de os atletas serem infectadas é muito baixa. Tanto é que nessa última rodada agora a gente teve quase 98% de testes negativos. A chance de ter atletas positivados é muito baixa.
“Agora, se o clube não cumpre, o risco que ele corre é de ter atletas infectados. Se tiver atletas infectados, eles não vão ter condições de jogo, ele vai ter consequências técnicas e desportivas. Se for algo muito elevado, ele pode não ter atletas suficientes e perder por W.O, e por aí vai”
Central fez postagem nas redes sociais sobre a orientação sexual do novo Super-Homem: “Vai nessa que vai ver onde vamos parar”, publicou
Diante do caso envolvendo Maurício Souza, o Minas afastou o jogador por causa de declarações homofóbicas postadas nas redes sociais. Como havia antecipado o ge durante a tarde, o clube mineiro confirmou, em um comunicado oficial divulgado nas redes sociais, que o jogador ainda terá de se retratar publicamente e pagar uma multa.
“O presidente do Minas Tênis Clube, Ricardo Vieira Santiago, se reuniu com o atleta Maurício Souza esta tarde e lhe informou sobre o seu afastamento por tempo indeterminado. O atleta também recebeu uma multa e foi orientado a fazer uma retratação pública imediata.”
Diante do caso envolvendo Maurício Souza, o Minas afastou o jogador por causa de declarações homofóbicas postadas nas redes sociais. Como havia antecipado o ge durante a tarde, o clube mineiro confirmou, em um comunicado oficial divulgado nas redes sociais, que o jogador ainda terá de se retratar publicamente e pagar uma multa.
“O presidente do Minas Tênis Clube, Ricardo Vieira Santiago, se reuniu com o atleta Maurício Souza esta tarde e lhe informou sobre o seu afastamento por tempo indeterminado. O atleta também recebeu uma multa e foi orientado a fazer uma retratação pública imediata.”
Mais cedo, uma reunião entre a diretoria do Minas e os patrocinadores do clube tratou sobre o assunto. Segundo apurou o ge, o Minas entendia que não havia clima para Maurício atuar nos próximos jogos. A estreia da equipe mineira na Superliga está prevista para sábado, contra o São José dos Campos. Assim, cogitou a possibilidade de rescindir o contrato do jogador.
No entanto, as partes chegaram a um acordo, e central mostrou-se disposto a uma retratação. Além da multa, Maurício Souza será afastado por tempo indeterminado. Só depois poderá se juntar novamente ao elenco.
Entenda o caso
Há cerca de duas semanas, a DC Comics anunciou que o novo Super-Homem, filho de Clark Kent, se descobrirá bissexual nas próximas edições das histórias em quadrinhos. O assunto, que foi um dos mais comentados do Twitter no dia da divulgação, também movimentou a comunidade do voleibol brasileiro.
– Ah é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar – postou o jogador, que recebeu comentários de apoio de outros atletas do vôlei, como Wallace e Sidão.
O ponteiro Douglas, um dos destaques da seleção brasileira de vôlei nas Olimpíadas de Tóquio, faz parte da comunidade LGBTQIA+ e postou a mesma imagem da DC, com dizeres totalmente contrários ao exposto pelo jogador do Minas.
– Engraçado que eu não virei heterossexual vendo os super-heróis homens beijando mulheres. Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito, mas eu tenho uma novidade pra sua heterossexualidade frágil. Vai ter beijo sim. Obrigado DC por pensar em representar todos nós e não só uma parte ❤️ – escreveu.
O assunto gerou uma grande repercussão nas redes sociais após os internautas considerarem as postagens como indiretas entre os companheiros de seleção. Maurício, apesar das críticas que levou com seu protesto, continuou endossando sua opinião nas redes sociais.
– Hoje em dia o certo é errado e o errado é certo… Não se depender de mim. Se tem que escolher um lado eu fico do lado que eu acho certo! Fico com minhas crenças, valores e ideias – encerrou.