Montagem iG / Marcos Correa e reprodução CNN Brasil
A declaração teria sido dada à cardiologista Ludhmila Hajjar, cotada para assumir o Mistério da Saúde
Ludhmila Hajjar , cardiologista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi uma das cotadas para assumir o lugar de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, mas recusou o cargo. De acordo com as informações apuradas pelo jornal Poder 360 , a médica passou cerca de três horas mais ouvindo do que falando, em reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste domingo (14).
Segundo a publicação, os presentes no encontro se esforçaram para dizer que nada havia sido feito de errado até agora pelo governo federal no combate à Covid-19. Hajjar foi sabatinada pelo presidente e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSL), que perguntou o que ela achava sobre dois temas: aborto e armas. Ainda de acordo com o portal, ela respondeu que considerava o tema das armas relacionado a polícias e às Forças Armadas, e que não nutria simpatia por armar a população. Não foi possível apurar sua resposta a respeito de aborto.
Depois, o presidente quis saber a opinião da médica sobre a cloroquina, que afirmou que não iria desdizer o presidente eventualmente no Ministério da Saúde, mas que essa fase já havia passado. Bolsonaro, no entanto, teria insistido, dizendo que ninguém sabe ainda o que funciona ou não para tratar a Covid-19 e que os médicos têm o direito de prescrever o que quiserem.
O presidente também questionou Hajjar sobre as medidas de restrição de circulação para frear o avanço da doença, dizendo ser contra o fechamento de comércio e adoção de toque de recolher. E, em determinado momento, segundo o Poder 360 , Bolsonaro dirigiu-se à médica e perguntou: “Você não vai fazer lockdown no Nordeste para me f*der e eu depois perder a eleição, né?”.
Hajjar, então, afirmou que as medidas mais restritivas deveriam ser tomadas em situações extremas, em locais em que o número de doentes e de mortes exigisse isso. Em seguida, Pazuello entrou na conversa e disse que os governadores estavam mentindo sobre a taxa de ocupação das UTIs e outras estatísticas e tinha outros números. A médica teria expressado descrença sobre isso, segundo o portal.
O ministro também fez uma longa exposição sobre como tem conduzido a pasta e defendeu sua gestão. Pazuello disse que estava possivelmente saindo do cargo porque não se aliou a ninguém, a nenhum grupo, diferentemente de Ludhmila, que vinha recomendada inclusive por políticos com vários interesses.
Com o nome de Ludhmila Hajjar riscado da lista de opções para assumir o cargo, Bolsonaro continua em busca de uma pessoa para comandar o ministério. Uma dessas opções é Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e a outra é o deputado Dr. Luizinho (PP-RJ).
Na sexta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que não pretende tomar a vacina da Covid-19 agora. Em conversa com apoiadores que o esperavam em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente justificou que a decisão é pelo fato de ter “muita gente apavorada” esperando pela vacina.
“O que acontece, tem muita gente apavorada aí aguardando a vacina, então deixa as pessoas tomarem na minha frente. Vou tomar por último. Eu acho que essa é uma atitude louvável. Porque tem gente que não sai de casa, está apavorado dentro de casa”, disse Bolsonaro. O presidente chegou a se queixar que a imprensa teria criticado a sua decisão de se vacinar por último. “Em vez da imprensa me elogiar, me critica”, afirmou.
Bolsonaro está apto a receber a vacina no Distrito Federal desde o dia 3 de abril. Antes, ele explicava que não ia se vacinar porque já teria contraído o vírus em julho do ano passado.
De acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa da quinta-feira (15), 25.460.098 pessoas já receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19. O número representa 12,02% da população brasileira. A segunda dose já foi aplicada em 8.558.567 pessoas (4,04% da população do país) em todos os estados e no Distrito Federal.