De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ainda cabe recurso da decisão, mas, se ela for mantida, a acusação pode propor novo processo sobre os mesmos fatos, desde que amparada em provas diversas e independentes das declaradas ilícitas.
Ao G1, o coordenador do Gaeco de Uberaba, o promotor José Cícero Barbosa da Silva Júnior, informou que o grupo irá recorrer da decisão.
Em julho de 2020, a defesa de Francine chegou a entrar com pedido de habeas corpus, mas a solicitação foi negada pela 8ª Câmara Criminal do TJMG.
A operação, deflagrada no dia 4 de junho em Uberlândia, Iturama e Itajubá, resultou na prisão preventiva de Francine e também foram presas outras seis pessoas: o companheiro dela, que é empresário; três agentes públicos e dois ladrões. Os nomes deles não foram divulgados. Na época, ainda foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão.
A ação foi coordenada pelo Gaeco de Uberaba e contou com a participação das polícias Militar e Civil, Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) e servidores do MPMG.
As investigações duraram cinco meses com objetivo de combater a organização criminosa especializada em crimes contra o patrimônio, como furto, extorsão, corrupção ativa, passiva, prevaricação e violação de sigilo.
Conforme o Gaeco, em abril de 2019, criminosos roubaram defensivos agrícolas avaliados em R$ 200 mil em uma propriedade rural localizada na região de União de Minas.
Logo após o crime, a advogada passava a contatar e a extorquir as vítimas de furtos e roubos dos defensivos agrícolas, bem como os criminosos, oferecendo auxílio para recuperar as mercadorias mediante vantagem financeira – modalidade de extorsão conhecida popularmente como “resgate”.
Para sucesso na ação, a suspeita obtinha a localização dos criminosos por meio de informações confidenciais repassadas por agente públicos, sempre mediante propina.
“A advogada criminalista e o marido dela exigiam dinheiro das vítimas de furto e roubo de produtos agrícolas para restituir os materiais levados. Apuramos que agentes públicos ganhavam propina para encontrar os ladrões e os materiais. Ela tinha acesso informações privilegiadas”, explicou o coordenador do Gaeco.
A partir daí, “em esquema requintado de corrupção, violação de sigilos profissionais e aliciamento da investigação criminal, agentes públicos passavam a identificar, contatar e pressionar os criminosos, fazendo com que tais entregassem os produtos subtraídos em troca de vantagem financeira”.
Ainda conforme o Gaeco, o empresário participava ativamente do esquema de cobranças monetárias das vítimas dos crimes nas propriedades rurais da região.
Por: G1